Expressão corriqueira, “Em nome de Jesus” virou chavão entre os que Nele creem. Como gíria, vício de linguagem ou magia, é repetida em orações ou meros comentários. A quem profere, parece significar uma expressão mágica, ritualística, na qual se determina que o Pai atenda seu pedido por tão somente utilizar o nome de Seu Filho, garantindo a eficácia da “obrigação” do Altíssimo para consigo. “Vou conseguir o emprego, em nome de Jesus”, “amanhã não vai chover, em nome de Jesus”, “vou prosperar, em nome de Jesus”, “Deus, me faça ganhar na loteria, em nome de Jesus”, “meu time de futebol vai ganhar o campeonato, em nome de Jesus”. Afirmações como essas são ouvidas por nós rotineiramente e passam despercebidas quanto ao que isso realmente representa. Será que o Eterno está obrigado a satisfazer um desejo que é nosso, mas não Dele, só por que dizemos o nome de Seu Filho? Suponhamos que uma pessoa peça ao Pai uma coisa e outra peça justamente o contrário, e ambas digam a expressão “em nome de Yeshua (Jesus)”. Ora, de acordo com a ideia de que somente proferir essa frase compele o Senhor a nos atender, como isso seria feito, se os pedidos em questão são opostos?
Analisemos a questão à luz das Sagradas Letras. O próprio Messias afirma: “e tudo quanto pedirdes em Meu nome, eu O farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu a farei” (João 14:13-14). A quem lê sem analisar, pode parecer que somente relacionar o pedido ao nome de Yeshua garante que será atendido. Pode parecer ainda mais convincente tal pensamento se lermos o que diz no livro de Atos: “E disse Kefa (Pedro): 'Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Yeshua HaMaschiach (Jesus Cristo), o Natziri (Nazareno), levanta-te e anda'" (Atos 3:6). O que o apóstolo disse se concretizou e Yeshua concedeu o milagre ao mendigo que pedia na soleira da sinagoga. Seria então pelo fato de haver proferido a “expressão mágica”? O apóstolo Sha’ul (Paulo), a este respeito, diz, confirmando as palavras do Mestre: “E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Yeshua, dando por ele graças a Elohim Avinu (D-us Pai)" (Colossenses 3:17). Também quanto ao batismo temos essa mesma ordem: “Kefá (Pedro) então lhes respondeu: 'Arrependei-vos, e cada um de vós seja imergido em nome de Yeshua (Jesus) para remissão de seus pecados; a fim de receber o dom da Ruach HaKodesh (Espírito Santo)'" (Atos 2:38).
Em algumas passagens das Escrituras, entretanto, percebe-se o contrário. Vejamos: “E Elohim (D-us) pelas mãos de Sha'ul (Paulo) fazia milagres extraordinários, de modo que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos. Ora, também alguns dos exorcistas judeus, ambulantes, tentavam invocar o nome de Yeshua (Jesus) sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: ‘Esconjuro-vos por Yeshua a quem Sha'ul prega’. E os que faziam isto eram sete filhos de Skeva (Ceva), judeu, um dos principais Cohanim (sacerdotes). Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: ‘A Yeshua conheço, e sei quem é Sha'ul; mas vós, quem sois?’ Então o homem, no qual estava o espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois e prevaleceu contra eles, de modo que, nus e feridos, fugiram daquela casa” (Atos 19: 11-16).
Como visto, dizer as “palavras mágicas” não funcionou com os sacerdotes. Estaria a Palavra se contradizendo? O que significa então “em nome de Yeshua”? Para esclarecer, imaginemos a seguinte exemplificação: um indivíduo vai ao banco com um cheque nominal de outra pessoa e o entrega ao caixa, que verifica se tal carta de crédito está endossada (assinada pelo dono do cheque). Se não contiver o endosso no verso, mesmo que a pessoa que está com o cheque repita, esbraveje ou jure que está em nome do dono do mesmo afim de retirar o dinheiro, o caixa não efetuará o pagamento. Em outras palavras, para estar em nome de Yeshua, Ele precisa concordar, assinar embaixo. É necessário que a pessoa esteja em favor do Mestre e em comunhão com Ele, e que, acima de tudo, o pedido esteja de acordo com a Sua vontade e não dos caprichos de quem pede. O apóstolo Kefa (Pedro), ao dizer que em nome de Yeshua o paralítico estava curado, demonstrava com sua vida e seu propósito que estava a serviço do Mestre, para fazer a Sua vontade. Não tinha pretensões de se vangloriar e engrandecer com o milagre, mas fazer conhecido o nome do Salvador e anunciá-Lo ao povo, fazendo aquilo que Yeshua havia ensinado, guardando os mandamentos e O servindo de coração, com amor ao Pai e aos irmãos. O milagre, por isso, foi realizado. Ao contrário, os sacerdotes que tentavam expulsar os demônios, mesmo dizendo vir da parte de Yeshua, só queriam se exibir, sendo falsos, pois não tinham o mandado do Messias para fazer o que pretendiam. Como o Pai sonda os corações e sabia de sua falsidade, não atendeu-lhes a “determinação” dada aos demônios, que puderam, devido a isso, agredi-los.
A respeito disso o próprio Cordeiro predissera que muitos iriam dizer estar em Seu nome e até mesmo realizar falsos milagres, inventar profecias e acreditar que expulsaram demônios (que podem enganar tais pessoas, fingindo terem sido expulsos): “Muitos Me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não comemos e bebemos em Teu nome? E não profetizamos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não fizemos muitos milagres?’ Então lhes direi claramente: ‘Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a transgressão à Torá (instruções, leis)’” (Mateus 7:22-23).
Antes de dizer que estamos em nome de Yeshua ou pedir algo em Seu nome, devemos pensar se realmente o pedido está de acordo com os Mandamentos do Eterno, com a vontade do Pai, se é para a edificação do próximo. Faz-se necessário ter uma vida de santidade e obediência aos mandamentos, para estar em comunhão com o Senhor, sendo usados por Ele para fazer Sua obra, esvaziando-nos de nós para que estejamos cheios do Soberano e assim estejamos verdadeiramente, em tudo o que fizermos ou pedirmos, em nome de Yeshua.
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